[Artigo atualizado em 18/09/2023]
O outono já começou e o mês de outubro decorre sem sobressaltos, terminando com uma festa que todos conhecemos: o Halloween.
Esta noite, que antecede o Dia de Todos os Santos, é na mente da maioria das pessoas sinónimo de doces devorados por nós e/ou pelos nossos filhos.
Como dietista e nutricionista, gostaria de lançar alguma luz sobre o tema dos doces, que são consumidos entre 3 e 4 kg/pessoa todos os anos.
É aconselhável comê-los ou devemos evitá-los como se fossem pequenos monstros?
De onde vêm os doces?
Alerta de spoiler: os rebuçados não crescem nas árvores! Portanto, não se trata de um produto natural, mas sim de um alimento 100% industrial, em que cada componente é fruto da indústria.
Foi no século XIX que o comércio da doçaria foi democratizado graças ao desenvolvimento da indústria do açúcar e da beterraba sacarina.
Antes disso, nem toda a gente tinha acesso a estes tesouros gustativos e só os muito ricos podiam comprá-los.
O doce remonta a 600 a.C., ao tempo da antiga Pérsia.
200 anos mais tarde, graças a Alexandre, o Grande, o açúcar de cana foi utilizado para fins terapêuticos.
Em 1484, só os boticários (farmacêuticos) podiam utilizar o açúcar e só no século XV é que este passou a fazer parte da cozinha, tornando-se uma iguaria reservada aos muito ricos.
Os doces apresentam-se em vários sabores: doces ou azedos. Existem em todas as formas e cores.
Berlingo, rebuçados de mel, caramelo, marshmallows, nougat, amêndoas açucaradas, praliné, chupa-chupas, rolos de alcaçuz… A lista não pára! Há de tudo para todos.
O que é que os doces oferecem em termos de nutrição?
Os rebuçados pertencem à família dos produtos doces. Esta família, na pirâmide alimentar, é a que se encontra no topo, ou seja, a que deve ser consumida ocasionalmente.
Do ponto de vista nutricional, os doces não têm qualquer interesse, uma vez que não contêm vitaminas.
É um alimento altamente calórico e não essencial, uma vez que é composto por 80% de açúcar simples (muitas vezes proveniente de xarope de glucose) e ácidos gordos saturados.
Os doces dão ao organismo um efeito de “arranque”, ou seja, uma energia que pode ser utilizada rapidamente, mas que é consumida com a mesma rapidez, gerando picos de açúcar no sangue (e eventuais hipoglicemias reactivas, ou seja, “quebras de energia”).
A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda uma ingestão diária de 25 g de açúcar. Com 5 línguas de gato (rebuçados azedos), já atingiu o limite recomendado.
O inconveniente de consumir demasiado açúcar é que :
- favorece o aumento de peso, o que é mau para a saúde
- aumenta os níveis de triglicéridos
- favorece a resistência à insulina no sangue = hiperglicemia crónica = risco de desenvolver diabetes de tipo 2.
Devido às suas cores vistosas, os doces estão cheios de aditivos: corantes e aromatizantes de todos os tipos.
Cuidado com aditivos como o E131 e o E171, que podem provocar reacções alérgicas ou cancerígenas.
No entanto, pode procurar doces com corantes naturais ou aromas naturais.
Os doces ácidos devem ser consumidos com moderação, pois um consumo elevado e prolongado (nomeadamente por crianças pequenas) altera o pH da saliva e favorece o desenvolvimento de cáries e a desmineralização do esmalte dos dentes.
A gelatina dos doces, fabricada a partir de porcos, não é muito apetitosa. Saber como é feita pode até fazer com que não se coma demasiado. No entanto, existem doces que utilizam pectina de frutos, ágar-ágar ou gelificantes vegetais.
Posso comê-los na mesma?
Claro que sim! E não se deve impedir de os comer, caso contrário, isso levará à frustração e a inevitáveis desejos futuros (e, portanto, a grandes quantidades consumidas).
Devem ser consumidos com prazer, em momentos especiais, em ocasiões especiais, com plena consciência (ou seja, sem fazer mais nada ao mesmo tempo) e em pequenas quantidades.
Cuidado com a imagem dos doces como uma recompensa para as crianças. Com o tempo, isto leva a uma relação distorcida com os alimentos doces, que não são recompensas, mas fontes de prazer gustativo.
Cuidado com os doces sem açúcar! Em circunstância alguma deve/pode substituir os doces por este tipo de produtos. O açúcar e o xarope de açúcar da receita original podem ser substituídos por outra forma de açúcar (isomalte, por exemplo) que fornecerá o mesmo número de calorias, bem como outros inconvenientes como o inchaço ou problemas digestivos.
Um estudo demonstrou que quanto mais cores houver numa embalagem, mais se come (o marketing e o seu poder sobre o nosso consumo são incrivelmente poderosos). Por isso, opte por um pacote de uma só cor!
Receitas de doces caseiros para o Dia das Bruxas
Monstros de marshmallow do Dia das Bruxas
Ingredientes
- 1 pacote de marshmallows
- Olhos de açúcar (ou smarties + um toque de chocolate derretido para a pupila)
- Canetas de gel coloridas (ou fios de rebuçados coloridos)
Receita:
Colar os olhos em cada marshmallow com uma caneta de gel (um olho, 2 ou 3 para efeitos mais monstruosos).
Utilize a caneta de gel para criar penteados extravagantes.
Doces de banana
Ingredientes
- 90 g de açúcar refinado
- 1 colher de sopa de aroma de banana
- 3 colheres de sopa de mel líquido
- 1 colher de sopa de sumo de limão
- 5 colheres de sopa de água fria
- 1 colher de chá de corante amarelo
- 8 folhas de gelatina
Receita:
Coloque as folhas de gelatina numa tigela com água fria para amolecer (pode utilizar um vídeo para o ajudar com a técnica).
Deite o açúcar refinado e a água num tacho. Aqueça em lume brando até formar um xarope. Adicione o mel, o aromatizante e o corante. Deixe ferver.
Quando começar a ferver, retire a panela do lume e adicione as folhas de gelatina espremidas. Misture bem. Adicione o sumo de limão.
Coloque a mistura em pequenas formas de silicone e deixe arrefecer durante 2 horas. Retire cuidadosamente das formas e desfrute.