[Artigo atualizado em 18/09/2023]
Pode parecer surpreendente, tendo em conta a forma como está enraizado nos nossos hábitos, que perder peso seja sinónimo de privação, frustração e litros de suor eliminados através do sofrimento. Perder peso é uma questão de ouvir o seu corpo e as suas sensações alimentares. Significa dedicar algum tempo para se relacionar consigo próprio. Trata-se de cuidar de si próprio.
E como é que se faz isso?
Cuide de si preparando o seu prato
Isto não significa ir ao mercado a todo o custo, comprar legumes frescos, lavá-los, descascá-los, cortá-los…
Preparar o seu prato significa certificar-se de que está cheio de alimentos de que gosta e que se complementam. Proteínas, alimentos ricos em amido e legumes. Fruta, lacticínios, bons óleos… ervas aromáticas, especiarias… Sabores, cores, simplicidade.
Equilibrar a sua alimentação significa comer tudo, incluindo os alimentos ricos em amido, em todas as refeições. Pelo menos duas refeições em cada três. Ao pequeno-almoço e ao almoço, para evitar a fome ao fim do dia. Em quantidades moderadas. Mas é aí que reside a dificuldade, na moderação.
Cuidar de si em frente ao seu prato
Moderar a sua alimentação não significa necessariamente reduzir o tamanho do seu prato ou das suas porções. Significa dedicar algum tempo a comer devagar, a ligar-se a si próprio e a ouvir as suas sensações. Ouvir o prazer de comer e saciar a fome, mas sobretudo ouvir o pequeno sinal, muito discreto – demasiado discreto – de que está cheio.
De facto, o nosso corpo envia-nos sinais fortes quando se trata de alertas. E, muitas vezes, só sentimos o alerta de “demasiado cheio” quando o nosso corpo grita Stop! E já é demasiado tarde. Saímos da mesa pesados, sem energia. Quando este fenómeno se repete, significa que, em cada refeição, comemos mais do que o necessário e, por isso, os quilos a mais acabam por aparecer.
A sensação de saciedade chega 20 minutos após a primeira garfada, qualquer que seja a quantidade ingerida. Quanto mais devagar comer, menos comerá durante esses 20 minutos. Sairá da mesa nutrido e saciado, mas sem comer em excesso, sem problemas digestivos e sem fome após as refeições. E, pouco a pouco, os quilos a mais vão desaparecer.
Comer de tudo, para evitar carências, mas também frustrações. Deliciar-se com uma sobremesa doce, sem açúcar falso ou 0%, trará um prazer muito mais satisfatório do que não comer sobremesa nenhuma, ou uma sobremesa com baixo teor de gordura, que mais cedo ou mais tarde nos levará a satisfazer esse desejo reprimido, por vezes com uma exigência muito maior do que o pequeno prazer inicialmente satisfeito.
O facto de nos entregarmos, de vez em quando, a uma refeição demasiado rica, como uma raclette com os amigos, não vai perturbar o nosso equilíbrio. Fazê-lo de vez em quando, em vez de o fazer todos os dias, tornará o prazer mais intenso, e o facto de se entregar a ele evitará que desista um dia por se sentir frustrado.
Cuidar de si e do seu corpo
Inscrever-se num ginásio e sofrer nas máquinas ou nas aulas de que não gosta, com a única esperança de perder peso, sem prazer e apenas através do sofrimento, só vai aliviar a sua conta bancária. Depois de ter tomado as suas boas resoluções, se o prazer não estiver presente, a regularidade, essencial para efeitos a longo prazo, também não estará presente.
A atividade física é tão necessária para o seu corpo como para a sua mente. Porque sim, mexer o corpo por prazer faz-nos felizes e, passado algum tempo, mais magros. Mas é o prazer que deve procurar, encontrando a atividade que lhe convém, muito antes do resultado. Os resultados podem ser irregulares, por vezes a perda de peso pode estagnar, e se essa for a nossa única motivação, ela desaparece.
Encontre prazer em movimentar-se sozinho ou com amigos. Dançar, caminhar, fazer ioga, ténis, andar de bicicleta, andar a cavalo, nadar, praticar karaté, levar o cão a passear à volta do quarteirão… pense no que o faria sentir-se bem e, em seguida, aproveite esse tempo de atividade física como um momento para si próprio, um momento que se permite e não uma restrição que impõe a si próprio.
Aproveite a oportunidade para ouvir música ou um podcast interessante que não teria tido tempo de ouvir se não se tivesse permitido este momento. Aproveite para ver as estações a passar enquanto passeia na rua e redescobre o seu bairro. Aproveite a oportunidade para se encontrar com um grupo ou com um amigo que faria o mesmo se não estivesse a fazê-lo sozinho… Tire uma hora do stress no trabalho ou em casa para se relacionar melhor consigo próprio.
Cuide da sua autoestima
Perder aqueles quilos realmente indesejáveis que podem pôr em risco a nossa saúde é um objetivo inevitável, uma necessidade.
Mas se quiser ir demasiado longe, tentando caber num tamanho 36 quando o seu corpo é naturalmente talhado para um tamanho 40, vai pôr em causa o seu equilíbrio metabólico e a sua auto-confiança. Porque fixar um objetivo demasiado alto não é um objetivo, é uma armadilha. Mais cedo ou mais tarde, o fracasso é inevitável, resultando numa perda de auto-confiança e num desequilíbrio metabólico.
Aceitar o seu corpo, com todos os defeitos que o tornam único e não apenas estereotipado para se assemelhar a uma imagem imposta, é também uma forma de cuidar de si e de atingir o seu peso natural.
Cuidar de si próprio significa encontrar e aceitar o seu peso saudável. Aquele que é menos difícil de atingir e manter, o nosso peso natural.
O nosso corpo, independentemente da sua idade ou aspeto, é a nossa casa. A única casa em que viveremos para o resto das nossas vidas.
Cuidemos dele pelo que ele é e pelos inúmeros serviços que presta. Façamos os esforços necessários para a manter no melhor estado de saúde possível, sem a maltratar, sub-alimentando-a ou sobre-alimentando-a, esgotando-a para a emagrecer, ou esquecendo-a dobrada em 4 num sofá, num carro ou numa secretária.
Alimentemo-lo o melhor que pudermos, mexamo-lo o mais que pudermos e ele retribuirá com energia e saúde renovadas!