[Artigo atualizado em 18/09/2023]
O comer emocional é um conceito amplamente estudado no domínio da psicologia e da nutrição. Refere-se ao comportamento de comer em resposta às emoções e não à fome física. Neste artigo, vou abordar as diferentes facetas deste fenómeno e perceber como as emoções influenciam a forma como comemos.
Os mecanismos do comer emocional
Ao longo dos anos, têm sido realizadas muitas investigações para compreender os processos neurobiológicos e cognitivos envolvidos na interação entre as emoções e a alimentação. Foram propostos dois mecanismos principais:
- Recompensa hedónica: O cérebro liberta dopamina em resposta a estímulos agradáveis, como a ingestão de alimentos saborosos. Este neurotransmissor produz uma sensação de prazer e satisfação, levando algumas pessoas a comer mais para compensar as emoções negativas.
- Controlo inibitório: As funções executivas do cérebro são responsáveis pela regulação do comportamento alimentar, controlando os impulsos, como o desejo de comer. As emoções intensas podem perturbar estes mecanismos de controlo, levando a episódios de alimentação emocional.
As diferentes emoções e o seu impacto na alimentação
É importante sublinhar que nem todas as emoções têm o mesmo efeito no nosso comportamento alimentar. Certos estados emocionais podem favorecer o consumo de alimentos, enquanto outros podem reduzi-lo.
As emoções positivas e a alimentação
As emoções positivas, como a alegria, o amor ou a excitação, estão frequentemente associadas a momentos de partilha e convívio à volta da comida. Estes sentimentos agradáveis podem encorajar-nos a comer mais para prolongar o prazer. No entanto, também é possível que algumas pessoas reajam de forma diferente e mostrem menos interesse pela comida quando estão a viver emoções positivas.
As emoções negativas e a alimentação
As emoções negativas, como a tristeza, a raiva, a ansiedade ou o stress, tendem a desencadear comportamentos alimentares compulsivos em algumas pessoas. Este comportamento é conhecido como “compulsão alimentar”. A investigação demonstrou que os indivíduos que sofrem de perturbações do humor, como a depressão ou a perturbação bipolar, são particularmente vulneráveis a estes comportamentos impulsivos relacionados com a comida.
Alguns exemplos de situações em que as emoções influenciam a alimentação
Certas circunstâncias do quotidiano podem realçar a ligação entre as emoções e a alimentação:
- Refeições festivas: Nas festas e celebrações, é frequente as pessoas comerem em excesso. A alegria e a excitação sentidas nestas alturas encorajam as pessoas a comer mais do que o habitual.
- Stress no trabalho: Situações de stress no trabalho podem levar a uma necessidade compulsiva de comer para aliviar a ansiedade e sentir-se melhor. Trata-se de um mecanismo de compensação emocional.
- Solidão: Algumas pessoas têm uma sensação de vazio quando estão sozinhas e procuram preencher esse vazio comendo mais, nomeadamente alimentos de conforto como o chocolate ou os bolos.
Como gerir a alimentação emocional?
Para combater os efeitos nocivos da alimentação emocional na nossa saúde física e mental, eis alguns conselhos úteis:
- Esteja atento às suas emoções: Identificar as emoções que sente quando sente necessidade de comer ajuda-o a estabelecer uma ligação entre esses sentimentos e o seu comportamento alimentar.
- Encontre alternativas para gerir as suas emoções: Em vez de recorrer à comida para acalmar as suas emoções, experimente actividades relaxantes como a meditação, o ioga, a leitura ou a audição de música.
- Comer com atenção: A prática da atenção plena durante as refeições ajuda-nos a saborear os alimentos de forma mais eficaz e a reconhecer os sinais de saciedade enviados pelo nosso corpo.
- Ter uma alimentação equilibrada e variada: uma boa alimentação ajuda a regular as nossas emoções e reforça o nosso bem-estar geral.
Em suma, o comer emocional é um fenómeno complexo que mostra que a nossa relação com a comida vai além das simples necessidades fisiológicas. Compreender esta ligação entre as emoções e a comida pode ajudar-nos a adotar hábitos alimentares mais saudáveis e a melhorar a nossa qualidade de vida.